O ex-técnico em eletrônica Antonio Marcelino de Jesus, de 53 anos, inaugurou um museu de objetos antigos no antigo chafariz de Barra do Rocha, no Médio Rio de Contas. Com relíquias como fitas cassete, discos de vinil e máquinas fotográficas, ele resgata a memória da cidade e incentiva novas doações. (Interiorano)
Na pitoresca cidade de Barra do Rocha, situada no Território Médio Rio de Contas e com uma população de apenas 5.774 almas, encontramos um personagem singular: Antonio Marcelino de Jesus, um ex-técnico em eletrônica que, aos 53 anos, funcionário público municipal, decidiu-se alçar voos mais altos – ou, melhor dizendo, resgatar sonhos de infância.
Como pastor da Assembleia de Céus Resgatando Vida e entusiasta de antiguidades, Antonio se lançou na empreitada de criar um museu de objetos antigos, que não apenas preserva a memória coletiva, mas também provoca sorrisos.
O espaço escolhido para abrigar essa ode à nostalgia foi o antigo chafariz da cidade, que, segundo Antonio, tem um espaço "acanhado", mas que já foi palco de muitas histórias, inclusive de sua juventude:
“Aqui neste lugar, numa torneira que tinha ali[aponta para o lugar] eu enchi muitas latas d'água”, confessa com um brilho nos olhos.
É como se o chafariz, agora transformado em museu, tivesse se tornado um verdadeiro poço de recordações. No pequeno museu, a diversidade de objetos expostos é de impressionar até o mais cético dos visitantes. Entre televisores que provavelmente têm mais história que alguns dos visitantes, máquinas fotográficas que já capturaram momentos que hoje estão empoeirados na memória, e até fitas cassete (um verdadeiro relicário da Era do Audiovisual), Antonio apresenta suas preciosidades com um entusiasmo contagiante. "Sabe o que é isso?", ele pergunta, segurando uma luminária antiga. "Isso era o que hoje sinaliza a estrada quando o carro quebra![triangulo]" A explicação vem acompanhada de uma narrativa que remete aos anos 50, quando a Rural Willys e sua luminária eram os protagonistas das estradas quando precisava de socorro.
E tem mais, mostra um ferro de passar roupa que era para esquentar era conectado num botijão de gás e remota ao século XIX, além de um relógio de bolso, pen drive da primeira leva, disco de vil, fita cassete entre outras relíquias.
Entretanto, o sonho de Antonio vai além do que se pode ver. Ele almeja um espaço maior e mais organizado, onde possa oferecer aos visitantes uma verdadeira viagem ao passado, com uma oficina que permita a todos ver, na prática, como funcionam os aparelhos por dentro. "
Vou montar um videocassete, um DVD, um gravador, sem as caixas, para que quem olhar possa ver a máquina trabalhando", diz ele, sonhando alto. Contudo, a verdade é que, mesmo diante da complexidade de suas ideias, Antonio brinca com sua situação escolar: “E eu não sei nem fazer um 'o', brinca por ser analfabeto”, e finaliza com uma gargalhada que ressoa na sala, contagiando a todos.
Assim, o Museu de Barra do Rocha, sob a tutela de Antonio Marcelino, se torna não apenas um espaço de conservação da memória, mas um reflexo da luta e da resiliência de um homem que, com humor e paixão, busca resgatar não apenas objetos, mas também a essência de um tempo que, por mais distante que esteja, ainda vive nas histórias contadas por aqueles que o experimentaram.
Antonio que já recebeu alguns objetos antigos de amigos diz que está aberto a mais doações. Você leitor tem algum objeto antigo em casa, não jogue fora, doe ao Museu de Barra do Rocha na rua Nova, s/n - antigo Chafariz.