O homem que ligava o gerador às 18h: como surgiu a Londrina de Ubatã

Em 1942, Félix Joaquim chegou ao Arraial de Dois Irmãos, ergueu a primeira casa, doou lotes e virou referência

Por Wesley Faustino - Interiorano
22/09/2025 08h54 - Atualizado há 4 horas
O homem que ligava o gerador às 18h: como surgiu a Londrina de Ubatã
Morador mais velho do bairro - chegou em 1946

No ano de 1942, a zona rural do Arraial de Dois Irmãos recebeu a chegada do jovem Felix Joaquim de Almeida, originário de Amargosa. Ao estabelecer-se naquele local, adquiriu um barraco de palha, anteriormente pertencente a alguns imigrantes turcos que ali residiam. Foi neste espaço que Felix ergueu sua casa, a primeira da localidade, contribuindo para a formação do que viria a ser um povoado, denominado Ruinha de Felix.

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As terras que pertenciam a Aldo Azevedo, Andrônico Silva e Cassimiro Conrado começaram a ganhar vida sob a administração de Felix, que se tornou tipo um gestor respeitado. Os habitantes em potencial do novo assentamento buscavam sua orientação, e Felix, com o aval dos proprietários, doava terrenos para aqueles que desejavam se estabelecer.

O lugarejo prosperou, recebendo iluminação pelo prefeito interino de Ipiaú, Sandoval Fernandes Alcântara - era o representante politico de Dois Irmãos. A iluminação, da guarda e manutenção do motor a óleo diesel e da posteação(era de madeira), ficava na responsabilidade de Felix, que diariamente ativava o motor em sua oficina às 18 horas, desligando-o às 22 horas.

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O crescimento da comunidade foi impulsionado pela construção da estrada de ferro - local que hoje é a BR 330 - e a rodovia em direção a Itapira(Ubaitaba), Poiri(Aurelino Leal), Rio Novo (Ipiaú) e Tesouras (Ibirataia),  que passava pelo coração da Ruinha de Felix. A construção da linha férrea(em direção a Maraú) atraiu pessoas de diversas regiões que foram habitar nos galpões da construção, tornando a feira livre da Ruinha de Felix aos sábados e domingos um ponto de encontro vibrante, com uma população que chegava a quase mil pessoas, conforme relata Florisvaldo Almeida, Flori da Rural,  o morador mais antigo do   Bairro da Londrina, e filho do fundador Felix. Desde 1946, Flori testemunhou a multiplicação de estabelecimentos comerciais, incluindo farmácias, açougues, relojoarias, mercearias etc, comércio que iniciou nos anos 40 com a oficina de Mestre Felix, existente até hoje no comando de Flori.

Naquele tempo, o Arraial de Dois Irmãos contava apenas com a Ruinha de Felix e a rua da Tropa, popularmente conhecida como rua do Pula-Pula, oficialmente chamada de Ramiro Berberth de Castro, que se configuravam como os dois principais centros comerciais da região, conforme narra Flori, ex-vereador de Ubatã.

O nome Londrina vem da fazenda homônima pertencente a Aldo Azevedo, doador de vários terrenos para construção de residências. Segundo conta os filhos conhecidos como Zé e Dudu de Aldo o nome Londrina vem da paixão do genitor pela cidade paranaense. "nosso pai leu na revista O Cruzeiro que Londrina no Paraná era uma das cidades mais desenvolvidas do país e isso o encantou a ponto de ir sempre lá passear", contam os filhos Zé e Dudu. 

Por Wesley Faustino; historiador, pesquisador sobre a história da formação do município de Ubatã -  politica e administrativa; autor do livro de contos contos " Causos imaginários e histórias que o vento não leva", especialista em Gestão Pública e Gestão Municipal e ex-vice-prefeito de Ubatã.


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