Em Ubatã, João de Esmeraldo mantém viva a memória afetiva por meio de álbuns fotográficos organizados com zelo. Entre imagens raras, capas de discos, passagens bíblicas e um amor dividido entre Santos e Botafogo, sua casa virou um museu de lembranças vivas. (Interiorano)
Em tempos de selfies e nuvens digitais, onde as lembranças parecem mais efêmeras que um clique, encontramos um verdadeiro tesouro na casa de João de Esmeraldo, um ubatense que pode muito bem ser nomeado o "Guardião das Memórias". Se você acha que guardar fotos é coisa do passado, é porque ainda não conheceu a coleção de João.
João não apenas acumula fotos, mas as emoldura com tanto carinho que poderiam muito bem ser expostos em um museu. Espalhadas pela casa, suas lembranças incluem desde a infância até os dois grandes amores de sua vida no futebol: o Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha. Isso mesmo, o homem se divide entre o futebol como um verdadeiro romântico, sempre torcendo por dois times ao mesmo tempo.
E quem disse que amor não pode ser plural? Álbuns bem cuidados com passagens bíblicas e muitas fotos de seus filhos de várias épocas, os temas fotográficos são variados. Os álbuns, guardados e ensacados com plásticos (porque, claro, João não é do tipo que deixa suas recordações à mercê do mofo), têm capas que fariam qualquer designer moderno tremer de emoção.
De fotos dos Beatles a Gonzagão, passando por Roberto Carlos e Raul Seixas, cada capa é uma viagem no tempo, uma mistura de nostalgia e cultura pop que deixaria qualquer um com vontade de dançar um 'iê-iê-iê'.
Na sala, uma verdadeira relíquia: uma vitrola comprada pelo pai em 1969 nas lojas Maia de Jequié. "É uma raridade", diz João, como quem apresenta sua coleção de arte. E com cerca de 2 mil fotos em seu acervo, ele deve se sentir como um curador de um museu da vida real, onde cada imagem conta uma história e cada história merece ser contada.
E se você pensa que ele parou por aí, engana-se! Além de viajar até Valença e Nazaré das Farinhas para garantir fotos da família, João também é um verdadeiro contador de histórias.
"Tenho o maior carinho pelo meu acervo fotográfico e desde novo que costumo guardar", diz ele, com um brilho nos olhos que só um verdadeiro amante da fotografia pode ter.
Portanto, da próxima vez que você pensar que as memórias podem ser facilmente esquecidas no fundo de um smartphone, lembre-se de João de Esmeraldo e sua vitrola. Afinal, ele prova que o que realmente importa é a lembrança, e que, com um pouco de humor e amor, até as fotos mais antigas podem ganhar vida novamente!
Por Wesley Faustino: historiador, pesquisador sobre a história da formação do município de Ubatã - politica e administrativa; autor do livro de contos contos " Causos imaginários e histórias que o vento não leva", especialista em Gestão Pública e Gestão Municipal e ex-vice-prefeito de Ubatã.