Maio expõe sobrecarga mental das mães e acende alerta para saúde emocional
Culpa, exaustão e pressão por perfeição intensificam crises de saúde mental
O mês de maio costuma ser repleto de homenagens às mães. Mas, em meio às flores e presentes, muitas mulheres vivem um cenário bem diferente do que aparece nas propagandas: cansaço, exaustão emocional, culpa e sensação de solidão. É por isso que precisamos continuar falando sobre a saúde mental materna.
Por trás de cada mulher que “dá conta de tudo” existe, muitas vezes, alguém carregando uma sobrecarga invisível. Um peso que não está nos braços, mas na mente. E é sobre isso que falaremos hoje: a sobrecarga mental — um conceito psicológico que explica por que tantas mães, mesmo fazendo o seu melhor, se sentem esgotadas.
O que é sobrecarga mental?
Sobrecarga mental é o peso invisível de pensar, planejar e antecipar todas as tarefas e cuidados do dia a dia. É aquele “trabalho” constante de lembrar provas escolares, organizar compromissos, checar a despensa, manter a casa em ordem e ainda monitorar as emoções de cada membro da família — tudo isso, às vezes, sem ninguém saber que você está fazendo.
O Conselho Federal de Psicologia reconhece que a sobrecarga cognitiva (pensar em mil coisas ao mesmo tempo) compromete a saúde emocional e a qualidade de vida.
POR QUE ELA PESA TANTO NAS MÃES?
O MITO DA PERFEIÇÃO
Desde a infância, as mulheres recebem mensagens sutis (ou nem tanto) de que precisam “dar conta de tudo”: ser mãe exemplar, esposa presente, profissional dedicada e, ainda assim, manter a casa impecável. Essa expectativa, quase sempre irreal, gera culpa materna, um dos principais componentes da sobrecarga mental.
CULPA E VIGILÂNCIA CONSTANTE
Pensamentos automáticos como “se eu não der conta, estou falhando como mãe” ou “preciso antecipar problemas” acionam um estado de alerta permanente. Em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), chamamos isso de distorção cognitiva de “tudo ou nada” e “catastrofização” — situações que ampliam a sensação de exaustão.
FALTA DE REDE DE APOIO
Sem divisão real de responsabilidades, cada detalhe recai sobre você. Leva tempo — e energia emocional — até perceber que cuidar de si mesma também faz parte do cuidado com a família.
COMO IDENTIFICAR E LIDAR COM ESSA SOBRECARGA?
• Nomeie seus pensamentos - Reconheça frases internas: “Preciso dar conta” ou “Não posso falhar”. A simples atenção a esses pensamentos já reduz o impacto deles.
• Reavalie expectativas - Questione: “Essa tarefa precisa ser feita hoje? Preciso ser perfeita nela?” Permita-se flexibilidade.
• Comunique suas necessidades - Compartilhe com quem vive com você: “Hoje estou me sentindo sobrecarregada. Preciso de ajuda para…”. Dialogar não é fraqueza, é coragem.
• Pequenas pausas programadas - Cinco minutos de silêncio, uma caminhada rápida ou um café consciente podem recarregar sua energia mental.
FALANDO A VERDADE — ORIENTAÇÕES PRÁTICAS DA PSICÓLOGA
• Permita-se delegar: fazer menos não te torna menos mãe; te torna humana.
• Questione padrões: ninguém precisa ser perfeita em tudo — e você também não.
• Crie rituais de autocuidado: minutos para você são indispensáveis.
UM CONVITE AO CUIDADO
Reconhecer a sobrecarga mental é o primeiro passo para cuidar de si mesma. Se a exaustão persistir, lembre-se: buscar apoio profissional é um ato de amor próprio e de responsabilidade com quem você ama. Na psicoterapia, você encontra um espaço seguro para reorganizar sentimentos, crenças e rotinas — e, assim, viver com mais leveza e bem-estar.
Psi da Vida Real
A Psicologia descomplicada para o seu dia a dia
Por Carol de Menezes | Psicóloga CRP 03/6026