PCC e CV rompem acordo de paz firmado em fevereiro, aponta Ministério Público

Rixas regionais e diferenças na estrutura das facções motivaram o fim do armistício entre os grupos criminosos

Por Garcia Junior - Interiorano
29/04/2025 20h04 - Atualizado há 3 horas
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O Ministério Público de São Paulo confirmou o rompimento da aliança entre as facções PCC e Comando Vermelho, que havia sido anunciada em fevereiro. A decisão foi motivada por rixas regionais e disputas de poder nos estados. Comunicados internos das facções já orientam os membros sobre o fim da trégua. (Interiorano)

A aliança entre as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), anunciada em fevereiro deste ano, chegou ao fim. A informação foi confirmada pelo Ministério Público de São Paulo ao jornal O Globo e reforçada por comunicados internos das organizações, conhecidos como "salves".

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A trégua tinha como objetivo reduzir homicídios, cortar custos operacionais e preservar os negócios ilegais dos dois grupos. No entanto, segundo autoridades que acompanham a movimentação das facções, conflitos regionais e disputas entre lideranças inviabilizaram o acordo.

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Ao contrário do anúncio conjunto feito no início do ano, os novos comunicados foram enviados de forma separada por cada facção. No texto, o PCC informa que a aliança foi encerrada por “questões que ferem a ética do crime”. O CV também reconheceu a ruptura e alertou seus integrantes sobre o risco de violência contra inocentes — em especial, jovens assassinados ou torturados por exibirem gestos de mão associados às facções.

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), confirmou a informação. Gakiya, jurado de morte pelo PCC, atua há quase 20 anos no combate à facção paulista. Ele atribui a falha da trégua às diferenças no modelo de organização dos dois grupos.

Enquanto o PCC tem uma estrutura centralizada, com comando único e diretrizes que valem para todos os estados, o CV atua em modelo de franquia, com lideranças locais mais autônomas. Essas diferenças dificultaram a implementação do armistício nas bases.

Documentos de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) já apontavam a fragilidade do acordo. Em fevereiro, o líder do CV, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, negou a existência da aliança e classificou as notícias como “fake news”. Em sua defesa, disse manter apenas uma postura de respeito diante da convivência entre líderes nas mesmas unidades prisionais.

No fim de fevereiro, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que nove estados brasileiros relataram indícios concretos da trégua: Minas Gerais, Amazonas, Acre, Roraima, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe. Outros nove estados disseram não ter dados suficientes para confirmar a aliança. Três apontaram que os grupos permaneciam em conflito, e cinco não responderam à consulta.

As informações foram reunidas a partir das inteligências das Polícias Militares dos 26 estados e do Distrito Federal. A maior parte dos registros que indicavam o armistício estava concentrada nas regiões Norte e Nordeste. (Interiorano)


FONTE: @reportergarciajunior
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