Lançado em Ipiaú, o projeto Parceiros da Mata vai investir R$ 750 milhões até 2030 em comunidades rurais da Bahia, com foco na preservação da Mata Atlântica, geração de renda e melhoria da qualidade de vida. A ação é financiada por organismos internacionais e visa beneficiar 352 mil pessoas, incluindo quilombolas, indígenas, pescadores e agricultores familiares. (Interiorano)
O município de Ipiaú foi palco, nesta quinta-feira (20), do lançamento de uma das maiores iniciativas de desenvolvimento rural e ambiental da Bahia. O projeto Parceiros da Mata, coordenado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), prevê investimento de R$ 750 milhões até 2030 em comunidades dos territórios do Baixo Sul, Litoral Sul, Vale do Jiquiriçá e Médio Rio das Contas.
Ao todo, 352 mil pessoas de 77 municípios serão beneficiadas com ações que vão desde a recuperação de nascentes e proteção da Mata Atlântica até o fortalecimento da agricultura familiar, inclusão produtiva e acesso à água potável.
Durante o lançamento, o governador Jerônimo Rodrigues destacou que o projeto vai além da preservação ambiental. “É sobre garantir qualidade de vida nas comunidades, com investimentos que abrangem saneamento, tratamento de água, apoio à agroindústria e geração de emprego e renda, sempre com foco na sustentabilidade”, afirmou.
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Entre os beneficiários está a Cooperativa dos Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves (Coopatan), que reúne 382 famílias produtoras de banana e mandioca. A diretora Fernanda Santana vê no projeto uma oportunidade de transformação regional.
“Vamos qualificar nossa produção, formar jovens e combater o êxodo rural”, disse.
Já Daniel Oliveira, da Associação Agroecológica Jaqueira, de Amargosa, aposta na consolidação de um modelo que une desenvolvimento e preservação.
“Queremos crescer respeitando a natureza e promovendo a economia solidária. Esse projeto é um impulso importante nesse caminho.”
Financiado com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), o projeto conta com contrapartida do Governo do Estado e terá duração de cinco anos. As ações vão abranger 88 mil famílias, com foco na produção de alimentos saudáveis e na inclusão socioprodutiva.
“O objetivo é garantir que os agricultores possam produzir com qualidade e manter o equilíbrio do ecossistema local, especialmente nas áreas de bacia hidrográfica”, explicou o diretor-presidente da CAR, Jeandro Ribeiro.
O secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Osni Cardoso, ressaltou que o projeto dá atenção especial à região da Mata Atlântica, onde se destaca a produção de cacau pelo modelo Cabruca.
“Vamos acompanhar de perto os resultados, garantindo renda e sustentabilidade ao produtor rural”, garantiu.
Além de quilombolas e indígenas, o público-alvo inclui assentados da reforma agrária, pescadores, marisqueiras, ribeirinhos, jovens e mulheres. As comunidades também receberão melhorias na infraestrutura básica, como água potável e saneamento rural, impactando até 900 localidades.
Sônia Maria, da comunidade quilombola de Nova Ibiá, acredita que o projeto será um divisor de águas.
“Mais de 150 pessoas dependem da nossa produção de cacau, banana e polpa de frutas. Com essa iniciativa, teremos melhores condições de trabalho e vida.”
O projeto está alinhado ao programa Bahia Sem Fome, atuando também no enfrentamento à insegurança alimentar.
“Estamos vivendo um momento crítico, e precisamos fortalecer a base produtiva. O projeto vai dinamizar a agricultura familiar e injetar recursos para alavancar cadeias produtivas locais”, declarou Tiago Pereira, coordenador do programa.
A cerimônia de lançamento reuniu gestores municipais, representantes de órgãos estaduais, federais e organizações da sociedade civil. Estiveram presentes as secretarias estaduais de Meio Ambiente, Igualdade Racial, Mulheres, Desenvolvimento Econômico, entre outras, além de instituições como a Fundação Cultural Palmares, Incra e Ministérios do Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário. (Interiorano)