Em março de 1987, comprei na livraria LiterArte, em Salvador, a 19ª obra de Fernando Sabino: A faca de dois gumes. Nesta semana, mexendo nos diversos livros que tenho em casa, resolvir reler e dividir com vocês esse prazer da leitura. Não deixe de ler, essa memorável obra literária.
► NOVIDADE: faça parte do canal do Interiorano no WhatsApp (clicando aqui). Em "A Faca de Dois Gumes" de Fernando Sabino, cada conto traz um dilema moral envolto em ambiguidade, sempre desafiando o leitor a interpretar quem é verdadeiramente culpado ou inocente. O primeiro conto, "O Bom Ladrão", mergulha na ambiguidade do comportamento humano, onde um homem se envolve nas pequenas furtividades de sua mulher, até que a culpa recai sobre apenas um deles, deixando o leitor questionando quem realmente é o ladrão.
No segundo conto, "Martini Seco", Sabino explora as nuances de um crime ou suicídio. As acusações mútuas entre marido e mulher envolvem o leitor numa teia de suspeitas, onde a verdade parece escapar a cada revelação. A tensão criada é tão intensa que fica difícil confiar em qualquer versão.
O último conto, "O Outro Gume da Faca", é marcado pelo impulso e pelo arrependimento. Um homem, ao descobrir o adultério da esposa, cede à raiva e comete um assassinato. No entanto, sua impunidade traz uma inquietante ironia: ele não é nem suspeito, mas sabe que a culpa recairá sobre alguém inocente.
Esses contos revelam como as fronteiras entre o certo e o errado, o bem e o mal, podem ser tênues, e nos fazem refletir sobre a moralidade, a justiça e as consequências de nossos atos. Sabino habilmente deixa a responsabilidade de julgamento nas mãos do leitor.
Por Wesley Faustino: pesquisador, historiador, escritor, especialista em Gestão Pública e Gestão Ambiental e ex-vice-prefeito de Ubatã.