A política de Ubatã viveu um marco triste nas eleições de 2024: a completa ausência de mulheres na Câmara de Vereadores para o próximo mandato, de 2025 a 2028. Embora 17 mulheres tenham concorrido às eleições, nenhuma delas conseguiu votos suficientes para ocupar uma das 11 cadeiras disponíveis. O cenário é um retrocesso em uma cidade que já contou com importantes lideranças femininas ao longo dos anos.
► NOVIDADE: faça parte do canal do Interiorano no WhatsApp (clicando aqui). O destaque entre as candidatas foi Andrea de Pequeno, do Republicanos, que obteve 322 votos (3,37%). Andrea superou a tradicional Rosana de Dai, que já foi candidata a prefeita e vice-prefeita, mas obteve apenas 243 votos nesta eleição. Mesmo assim, o desempenho de Andrea não garantiu a ocupação de uma cadeira na Câmara.
Esse resultado escancara as dificuldades que as mulheres ainda enfrentam para conquistar espaço na política, mesmo com políticas de cotas e iniciativas de incentivo à representatividade feminina. A última mulher a ocupar um assento na Câmara foi Neide de Zerley, eleita em 2020 com 4,33% dos votos válidos, totalizando 401 votos.
Neide, no entanto, deixa o mandato sem uma sucessora feminina direta, marcando o fim temporário da representatividade feminina no Legislativo municipal. A ausência de mulheres eleitas em 2024 é um golpe para a luta por maior igualdade de gênero na política local.
Embora as eleições tenham mostrado um aumento no número de candidatas, isso não se refletiu nas urnas, destacando que apenas a existência de cotas não basta. É preciso promover uma mudança cultural e estrutural mais profunda para garantir que as mulheres possam disputar, em igualdade de condições, o espaço político com os homens.
Um Passado de Conquistas Femininas Ubatã já contou com mulheres marcando a história política local. A primeira mulher a ser eleita foi Enoe Ribeiro, que, em 1975, assumiu uma cadeira na Câmara. Desde então, outras nove mulheres também tiveram a oportunidade de legislar. Entre elas, destacam-se nomes como Ednalva Morais Rigaud (Nalvinha), que é a única mulher a ter três mandatos consecutivos (1997-2008), e a professora Joilda Bonfim, que fez história ao ser eleita com o maior percentual de votos válidos, atingindo 6,60% em uma eleição municipal.
Outro nome de destaque foi Cássia Mascarenhas, que, além de presidir a Câmara, foi a primeira mulher a chefiar o Executivo municipal, embora não tenha sido eleita pelo voto popular. Ela assumiu a prefeitura por meio de decisão judicial, consolidando seu papel de liderança em um ambiente dominado por homens.
Trajetória das Mulheres na Política de Ubatã Enoe Ribeiro (1973/1977)
Lúcia Helena Ribeiro (1977/1982)
Marivanda Santos (1983/1988)
Suze Mary de Santana (1993/1996)
Jaciara Magalhães Dias (1997/2000)
Ednalva Morais Rigaud (Nalvinha) (1997/2000; 2001/2004; 2005/2008)
Rita Gama Falcão (2005/2008)
Cássia Mascarenhas (2010/2012)
Joilda Silva Bonfim (2013/2016)
Neide Ferreira (2021/2024)
No futuro, espera-se que Ubatã possa novamente contar com mulheres nas suas fileiras políticas, garantindo que a cidade tenha uma diversidade de vozes na tomada de decisões e que a luta pela igualdade continue. (Interiorano)