No Dia do Vereador (1º) e nos 70 anos da Câmara de Ubatã, um panorama relembra as raízes políticas do Arraial de Dois Irmãos, a instalação do Legislativo em 1955 e a evolução até a atual legislatura. O levantamento cita pioneiros como Aníbal Azevedo, César Monteiro Pirajá e Sandoval Fernandes Alcântara; a eleição de 1954, que levou oito nomes à primeira formação; a presença feminina com dez eleitas; dinastias políticas como as famílias Muniz e Silva; episódios marcantes nas décadas de 1960 e 1970; e a composição 2025–2028. (Garcia Jr / Interiorano)
O Dia do Vereador(1°) e os 70 anos da Casa Legislativa de Ubatã marcam uma trajetória histórica de participação política local iniciada ainda na década de 1930, especialmente no Arraial de Dois Irmãos, que antecedeu a formação municipal de Ubatã.
Desde os anos 1930, destacados moradores do Arraial de Dois Irmãos alcançaram mandatos na vida pública, ocupando cargos de vereador. O pioneiro foi Aníbal Azevedo, comerciante natural de Senhor do Bonfim, nomeado em 1930 para o Conselho Administrativo da Villa de Rio Novo (atual Ipiaú), órgão similar a uma Câmara de Vereadores local. Em 1935, já na Era Vargas, foi eleito vereador, mas seu mandato foi interrompido em 1937 com a instauração do Estado Novo, que dissolveu as representações legislativas nacionais. Com a retomada das eleições livres em 1947, o Arraial elegeu dois representantes para a Câmara de Ipiaú: o médico César Monteiro Pirajá, originário de Ilha Grande, e o cacauicultor Sandoval Fernandes Alcântara, natural de Itapira (hoje Ubaitaba), que se destacou politicamente em Dois Irmãos, tendo sido presidente da Câmara de Vereadores e prefeito de Ipiaú e Ubatã, além de suplente de deputado estadual nos anos 1960 assumindo por um período.
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Esses episódios evidenciam que, mesmo antes da oficialização de Ubatã como município, em 26 de setembro de 1953, seus habitantes já participavam ativamente da política regional, preparando o terreno para sua autonomia.
A Câmara de Vereadores de Ubatã foi instituída pelo Decreto nº 23, de 4 de abril de 1955, dando posse dia 7 de abril aos oito primeiros vereadores eleitos em 3 de outubro de 1954. Entre eles: Josias Zaga, Dr. Mário Tavares, Hamilton Fernandes Motta, Osmar Fernandes de Oliveira, Antônio Muniz Ramos, Leônidas Pereira de Oliveira (Nidinho), Everaldo Azevedo e Milton Faustino dos Santos. Na referida eleição, 33 candidatos disputaram as vagas. A coligação Aliança Republicana Cristã, composta pelos partidos União Democrática Nacional (UDN) e Partido Social Democrático (PSD), apresentou 17 candidatos e elegeu apenas um vereador, Antônio Muniz Ramos. O bloco formado pelos partidos Social Progressista (PSP) e Democrático Cristão (PDC) contou com 16 candidatos e conquistou sete vagas, correspondente a 87,5% dos vereadores eleitos.
Ao longo de seus 70 anos, a Câmara de Ubatã está na 18ª legislatura, tendo eleito 188 vereadores, mais 24 suplentes que assumiram mandatos(total de 212). Soma-se a eles os três primeiros que representaram o Arraial de Dois Irmãos na Câmara de Vereadores de Ipiaú(Anibal Azevedo; Dr. César Monteiro Pirajá e Sandoval Fernandes Alcântara). Destaca-se a eleição de dez mulheres, entre as quais Nalvinha Rigaud, a única com três mandatos e consecutivos, e Cássia Mascarenhas, que assumiu a presidência da Casa e posteriormente foi prefeita interina por decisão judicial. Eventos notáveis incluem a eleição de 1966, quando foram eleitos pelos partidos a Arena, o Pastor Jerônimo Vieira Lopes, e pelo MDB seu filho, Almenisio Braga Lopes (Miu); e em 1970, quando Manoel dos Santos (Manchinha) abriu mão da vaga conquistada pelo empate no número de votos em favor de seu amigo Otávio Cerqueira(Machinha era mais velho e tinha o direito a vaga).
A perpetuação familiar na ocupação de cargos legislativos também caracteriza a história política de Ubatã. Desde 1954, a família Muniz vem ocupando uma cadeira no Legislativo de Ubatã (família com 13 mandatos de vereador) e hoje continua com o vereador Devinho Muniz no 3° mandato. A outra família, a Silva, vem se destacando na vereança desde 1958, com a eleição do vereador Alberto Rocha e Silva (Beto Silva) e atualmente, Paulo Silva, ocupa a cadeira de vereador, pela sétima vez(a familia tem18 mandatos de vereador).
A atual Câmara de Vereadores inclui membros dessas linhagens familiares, como Bonfim da Nutricau, filho de Manchinha, e Junior de Renan, filho de Renan, este com seis mandatos.Adicionalmente, entre os vereadores eleitos, onze exerceram também os cargos de prefeito ou vice-prefeito, eleitos ou interinos. Destaca-se Beto Silva, primeiro vice-prefeito eleito em Ubatã em 1976, cargo inexistente até 1975.
A Legislatura 2025–2028 é composta pelos vereadores Gabriel Assunpção Nascif (presidente da Câmara), Diego Magalhães Tavares (Diego da Igreja), Juliano Silva de Oliveira (Juliano da Nutricau), Erisvaldo Alexandrino dos Santos (Vado), Italo Bispo dos Santos (Italo da Saúde), Paulo Cesar Silva e Silva (Paulo Silva), Davidson Gomes Muniz (Devinho), Márcio Oliveira Santos (Márcio do Leite), Roberto Miranda de Carvalho (Betinho Miranda), Manoel Bonfim Batista de Carvalho (Bonfim da Nutricau) e Carlos Renan Silva de Souza (Junior de Renan).
Por Wesley Faustino; historiador, pesquisador sobre a história da formação do município de Ubatã - politica e administrativa; autor do livro de contos contos " Causos imaginários e histórias que o vento não leva", especialista em Gestão Pública e Gestão Municipal e ex-vice-prefeito de Ubatã.
