A educação pública de Ipiaú vive um ciclo de retração. Além da queda no desempenho dos estudantes, a rede municipal encolheu o número de matrículas e fechou 15 unidades nos últimos anos, segundo entidades do setor. O impacto é mais severo na zona rural, onde o deslocamento é longo e a oferta de vagas depende de rotas escolares.
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As organizações ouvidas apontam perda de capilaridade. Com escolas fechadas, alunos passam a depender de transporte por estradas de terra, o que aumenta a evasão em períodos de chuva e reduz o tempo útil em sala. A comunidade relata turmas remanejadas e trajetos mais custosos para famílias de baixa renda.
O caso ganhou repercussão após o site Ipiaú TV apontar que o Ministério Público da Bahia conduz apuração sobre a gestão da política educacional no município. A Promotoria reúne documentos, realiza diligências e analisa as contas da Secretaria de Educação. Caso identifique falhas ou omissões na aplicação dos recursos, o órgão poderá ajuizar ações para responsabilização e ajuste de condutas. APLB de Ipiaú figura como noticiante do processo.
Na avaliação de especialistas, a combinação de escolas encerradas, matrículas em queda e aprendizagem menor cria um círculo vicioso: menos alunos por sala não significa melhor ensino quando faltam professores, transporte e infraestrutura. A recomendação técnica é mapear a demanda por território e garantir oferta contínua perto das famílias.
A legislação exige planejamento, transparência orçamentária e manutenção de padrões mínimos de atendimento. O MP-BA deve cobrar do município um plano com metas, prazos e indicadores de recuperação da aprendizagem, recomposição de vagas e, quando viável, reativação ou redimensionamento de unidades para cobrir vazios na zona rural.
A rede local terá de equacionar três frentes: transporte escolar confiável, professores suficientes e prédios em condições. A definição de rotas, calendário e carga horária é decisiva para recuperar alunos já defasados e conter a evasão. O resultado da investigação orientará eventuais correções e responsabilidades administrativas ou judiciais. (Interiorano)