Apesar da creche estar fechada desde outubro, a Prefeitura de Barra do Rocha contratou R$42,200 para ovos de Páscoa a serem distribuídos a famílias vulneráveis, crianças do CRAS, Primeira Infância e creches. Em meio à controvérsia, mães denunciam problemas no transporte escolar e nas instalações das escolas, enquanto professores reclamam da merenda e do descumprimento do piso salarial. (Interiorano)
Em meio às celebrações da Páscoa, a Prefeitura de Barra do Rocha gerou polêmica ao contratar uma empresa para distribuir ovos de chocolate no valor de R$42.200, mesmo com a creche municipal fechada desde outubro do ano passado.
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O contrato, cujo objeto prevê a entrega de ovos destinados a famílias em situação de vulnerabilidade, crianças em acompanhamento pelo CRAS e da Primeira Infância – além dos alunos da creche, que sequer funcionam – levantou dúvidas sobre a prioridade dos investimentos públicos.
Na licitação, a vencedora da disputa, que já prestou também serviços no fornecimento de computadores, material esportivo, passagens aéreas e equipamentos elétricos para o município, afirmou desconhecer os locais precisos de distribuição dos ovos. Em seu posicionamento, a responsável pela empresa ressaltou que sua participação envolve apenas a terceirização da produção e entrega, sendo a execução da ação de distribuição de responsabilidade exclusiva da Prefeitura.
O episódio ganha contornos ainda mais críticos quando se consideram outros problemas que assolam a rede municipal de ensino. Uma mãe de aluno, por exemplo, questionou as péssimas condições do transporte escolar: seu filho não pôde ir à escola devido a um pneu furado em um ônibus, impedindo a conclusão do translado. Em outra denúncia, uma mãe relatou que o banheiro feminino de uma escola está sem portas, obrigando a aluna a ser acompanhada por algum funcionário da instituição sempre que precisar usar o sanitário.
Além das falhas estruturais, professores têm apontado com preocupação a baixa qualidade da merenda oferecida aos estudantes, apontando um descaso que afeta diretamente a saúde e o desempenho dos alunos. E, não menos importante, a categoria docente já se mobiliza há anos para que o prefeito cumpra o pagamento do piso salarial – uma demanda histórica apontada pela APLB – o que vem sendo descumprido, gerando revolta entre os profissionais da educação.
Enquanto a administração municipal ainda não se pronunciou sobre esses questionamentos, o cenário se complica: num contexto em que a creche permanece fechada, a distribuição de ovos de Páscoa parece destoar da urgência de investir em serviços e infraestrutura que atendam de forma digna às crianças e famílias mais vulneráveis.
Em meio a esse conjunto de contradições, cresce o clamor por transparência e por uma revisão das prioridades orçamentárias na gestão municipal. O debate se intensifica, com a população questionando se os recursos públicos estão sendo direcionados de forma a suprir as necessidades reais ou se esforços pontuais, como a distribuição dos ovos, servem de cortina de fumaça para problemas muito maiores que afetam a educação e a saúde social no município.
E enquanto a Prefeitura de Barra do Rocha não esclarece definitivamente as motivações por trás desses investimentos, a comunidade se mantém atenta e mobilizada, exigindo que os recursos públicos sejam aplicados para sanar as carências que, diariamente, comprometem o futuro das crianças e a qualidade da educação no município. (Interiorano)