10/11/2024 às 11h28min - Atualizada em 10/11/2024 às 11h28min

Autoritarismo, reformas e legado no Brasil - 87 Anos do início do Estado Novo

A influência de Vargas, no entanto, permaneceu viva na política brasileira, ecoando em décadas seguintes e marcando a história do país.

Por Wesley Faustino - Interiorano
O Estado Novo foi um regime político instaurado no Brasil por Getúlio Vargas e durou de 1937 a 1945. Neste domingo, dia 10 de novembro de 2024, completam-se 87 anos do início desse período, caracterizado pela centralização do poder, pelo autoritarismo e pela implementação de políticas que moldaram o Brasil no século XX.

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O regime foi estabelecido após um golpe de estado, no qual Vargas dissolveu o Congresso Nacional, suspendeu a Constituição de 1934 e assumiu plenos poderes. Vargas justificou o golpe alegando uma suposta ameaça comunista e a necessidade de estabilidade no país. Essa ameaça foi chamada de Plano Cohen, que mais tarde se revelou uma farsa, criada por militares para justificar o golpe.

O Estado Novo teve características fortemente autoritárias, incluindo o controle da imprensa, a repressão à oposição política, censura e uma rígida centralização do poder. Durante o regime, Vargas promoveu importantes reformas, principalmente nas áreas trabalhista e econômica. Entre os principais marcos está a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criada em 1943, que estabeleceu direitos fundamentais aos trabalhadores, como jornada de 8 horas, férias remuneradas, salário mínimo, e regulamentação do trabalho feminino e infantil.

Esse período também foi marcado por uma política de industrialização e nacionalismo econômico, com a criação de empresas estatais como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e, mais tarde, a Petrobras, para reduzir a dependência externa.

Entretanto, o período também ficou marcado por repressão política intensa, com o uso de órgãos como o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) para perseguir opositores e censurar a imprensa e a produção artística. O Estado Novo chegou ao fim em 1945, quando Vargas foi obrigado a renunciar, pressionado tanto por fatores internos, como o descontentamento das Forças Armadas, quanto por fatores externos, como a derrota do Eixo na Segunda Guerra Mundial.

O legado do Estado Novo é complexo e ambíguo: embora tenha impulsionado a legislação trabalhista e a industrialização no país, foi também um período de autoritarismo e repressão. Esse legado influenciou profundamente a política brasileira, ecoando nas décadas seguintes e deixando marcas na transição democrática dos anos 1940 e, mais adiante, no período da ditadura militar.

Já em seu segundo mandato, e após uma trajetória controversa, Vargas cometeu suicídio em 24 de agosto de 1954, deixando uma última mensagem ao povo brasileiro, conhecida como a "Carta Testamento". Nela, escreveu: "Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte... Saio da vida para entrar na História". 

O ato final de Vargas, um tiro de revolver no peito, dentro de seu quarto no Palácio do Catete, na madrugada dia 24 de agosto de 1954,  refletiu sua tumultuada relação com o poder e marcou profundamente a história do país. "Saio da vida para entrar na História". 

Por Wesley Faustino: pesquisador, historiador, escritor,  host do PodCastdoChefe, especialista em Gestão Pública e Gestão Ambiental e ex-vice-prefeito de Ubatã.

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