Mais de 4,3 milhões de inscritos confirmados vão testar os conhecimentos em 45 questões de múltipla escolha de linguagens (língua portuguesa, literatura, língua estrangeira, artes, educação física e tecnologias da informação e comunicação) no próximo domingo (3) e outras 45 questões de ciências humanas (história, geografia, filosofia e sociologia), além da prova de redação, que deve ter entre sete e 30 linhas.
“Agora é a hora de fazer o ajuste fino e mostrar que todo o trabalho que esses alunos tiveram durante todo esse período foi bacana. E nós, professores, estamos aqui para evidenciar o que foi feito de bom, deixar o que não foi legal para trás e fazer tudo para pisar no acelerador rumo à vitória.”
Na reta final, a aula coletiva de quatro horas serviu para esclarecer dúvidas, dar dicas de estudo, resolver questões de provas de edições anteriores do Enem, em um simulado ao vivo, e, ainda, repassar instruções sobre o exame, como horário de fechamento dos portões nos cerca de 10 mil locais de provas, e duração das provas, que no primeiro dia terá 5 horas e 30 minutos.
Fora das quatro paredes das salas de aula, os docentes prepararam aulas dinâmicas, com gincanas, interação pessoal e estratégias para otimizar o desempenho, mas promover também momentos de distração dos candidatos. Houve momentos de cantoria coletiva, dança, uso de fantasia de Cosplay e Halloween (dia das bruxas), celebrado nesta semana.
O professor de história e sociologia, Tiago Diana, conversou com os alunos do chamado terceirão (terceiro ano do ensino médio) para desacelerar após meses de estudo de grande volume de conteúdo.
“Tem muitas dicas importantes que são faladas aqui. Hoje, por esse momento ser simbólico e marcante, eles vão lembrar na hora da prova", disse Tiago Diana.
E justamente para aliviar tensões e revisitar lições que o estudante Vitor Rocha Menezes, de 17 anos, decidiu participar da grande aula. Vitor quer cursar física no ensino superior e, apesar de se sentir confiante com a preparação realizada nos três anos do ensino médio, somada ao apoio dos familiares e professores, tem uma inquietação.
“Nesta reta final, a gente fica muito ansioso pelo o que vai acontecer na hora da prova, qual vai ser o tema da redação e nem dorme direito. A gente pode se frustrar e, por isso, é importante relaxar”.
Historiadora há dez anos, Keilla Vila Flor é professora de uma matéria intitulada projetos de vida, que aborda o empreendedorismo, a convivência social e a formação cidadã. Keilla é defensora dos aulões motivadores como estratégia para reduzir a ansiedade dos estudantes. “É importante para aliviar a pressão que sentem durante todo o ensino médio. Aqui, eles podem ver que outras pessoas estão na mesma condição e, juntos, também podem se acalmar, descontrair, ficarem bem tranquilos para brilharem na prova.”
Quem embarcou na coreografia ao som de axé, foi a jovem Giulia Costa Nascimento, 18 anos, que já se vê como aluna do curso de Psicologia na Universidade de Brasília (UnB). “Estou calma porque eu sei que eu estudei suficientemente para isso durante três anos. Não tenho que ficar com ansiedade, pois sei que eu vou fazer bem, o que eu nasci para fazer e o que eu quero fazer”, diz, decidida.
A estudante Cecília Guerra Macedo, de 16 anos, vai encarar os dias de provas do Enem, na condição de treineira, pela primeira vez. A aluna do segundo ano do ensino médio acredita que, desta forma, vai conhecer melhor a dinâmica da prova para quando tiver que prestar o exame para valer poderá ser mais tranquilo.
“O ambiente do Enem é muito novo, tem muita gente diferente junta. Então, para quem chega pela primeira vez, parece que a pressão é muito maior. No ano que vem, estarei mais preparada para aquilo e acredito que a pressão estará mais leve.”
Quem está na mesma condição é o jovem Thiago Araújo da Silva, 17 anos. A edição deste ano é a estreia dele no Enem. “Quero treinar para o Enem para buscar a melhor nota possível agora e para, no ano que vem, quando for o Enem oficial, eu conseguir passar de primeira”.
Após o aulão no penúltimo dia antes do primeiro dia de provas do Enem, os professores foram unânimes: os estudantes devem evitar revisar os conteúdos no sábado e descansar.
A professora de língua portuguesa, literatura e redação, Cléa Maduro, destaca que é "importante ter momentos de descontração para esses alunos que passam por uma pressão muito grande". "O principal é fazê-los perceber que têm sentimentos parecidos [de insegurança] e que estejam alegres, sem ficar construindo aquele monstro que é o medo da prova do Enem”.
E mesmo vendo um filme ou ouvindo uma música, a professora enxerga a oportunidade de o candidato aumentar seu repertório sociocultural. “Sempre falo aos estudantes o que forem fazer, que seja de forma tranquila. Procurem ouvir uma música, assistir a um documentário, um videozinho, um filminho que componha o repertório deles.”
Além de atividades relaxantes, o dia antes do Enem deve ser de preparação física e emocional para a prova: dormir bem; manter uma alimentação saudável e fazer refeições leves e nutritivas. É muito importante organizar o vestuário e o material que será levado ao local de prova, incluindo documentos de identificação, caneta preta de material transparente, lanche e água, sem esquecer de conferir o local de prova na página do estudante, por meio do login e senha do site Gov.br.
A edição deste ano tem 4.325.960 de inscritos, dos quais 1,6 milhão é concluinte do ensino médio. Os dados são autodeclaratórios.
Entre os inscritos, a maior parte é de participantes que já terminaram o ensino médio (1,8 milhão). Além disso, outras 841.546 (19,4%) inscrições são de estudantes do primeiro ou segundo ano e 24.723 (0,6%), de pessoas que não cursam nem completaram o ensino médio, mas farão o Enem como treineiros.
As mulheres são maioria entre os inscritos – equivalem a 60,59%, enquanto os homens representam 39,41%. Com relação à declaração de raça e/ou cor dos candidatos, a maioria se reconhece na cor parda (1.860.766), seguida da branca (1.788.622) e preta (533.861). Outros 62.288 se consideram da cor amarela e 29.891 se declararam indígenas.
O estado com o maior número de inscrições é São Paulo, com 645.849, seguido de Minas Gerais (393.007) e Bahia (376.352).
* Colaboração de Ana Carolina Alli, estagiária sob supervisão de Marcelo Brandão
Por Agencia Brasil