No início da década de 1930, o Brasil vivia um momento de profundas transformações, guiadas pela liderança de Getúlio Vargas, que, em seu governo provisório, convocou uma Assembleia Nacional Constituinte em 1933, movimento que visava a criação de uma nova constituição brasileira.
► NOVIDADE: faça parte do canal do Interiorano no WhatsApp (clicando aqui). Em 16 de julho de 1934, a nova Constituição do Brasil (Constituição de 1934, a terceira do Brasil) foi promulgada, trazendo inovações como o voto secreto, o ensino primário obrigatório e a inclusão do voto feminino, além de leis trabalhistas que buscavam garantir direitos aos trabalhadores.
Em 25 de abril de 1934, o Capitão Juracy Montenegro Magalhães, interventor federal na Bahia, nomeou Aníbal Azevedo, um comerciante do Arraial de Dois Irmãos( natural de Senhor do Bonfim) para o Conselho Consultivo do Município de Rio Novo, uma Assembléia que funcionava como uma espécie de Câmara de Vereadores.
Essa nomeação destacou Aníbal Azevedo na política e, na 1ª eleição direta para o recém emancipado município de Rio Novo, conseguiu ser eleito com 82 votos, representando o Arraial de Dois Irmãos na Câmara de Vereadores de Rionovense (hoje Ipiaú).
O Conselho Consultivo se manteve ativo até a posse da primeira Câmara de Vereadores, empossada no ano de 1936. A alegria durou pouco. Em setembro de 1937, Getúlio Vargas instaurou o Estado Novo, um golpe que duraria quase uma década. O Estado Novo resultou na dissolução dos poderes legislativo e judiciário, e Vargas assumiu o controle absoluto sobre nomeações de prefeitos e governadores, conhecidos como interventores.
A 1ª Câmara Municipal de Rio Novo enfrentou esse duro golpe só tendo a segunda Câmara de Vereadores em 1948. Aníbal, que estabeleceu suas raízes na comunidade de Dois Irmãos, gradativamente se afastou da vida pública, concentrando-se na família e nos negócios: armazem de Cacau, farmácia, padaria, secos e molhados e terras.
Em março de 1946, Aníbal Azevedo mudou-se para Feira de Santana, onde viria a falecer em setembro do mesmo ano, aos 48 anos. Seu legado, contudo, permanece vivo através de seus netos (Binha, Dudu, Zé, Carlinhos e Miriam), bisnetos e trinetos que, em Ubatã, continuam a história de sua família. Marisa Gomes Azevedo, sua única filha ainda viva dos oito, reside em Feira de Santana, mantendo a memória de Aníbal Azevedo e seu impacto nas mudanças que moldaram o Arraial de Dois Irmãos, o municipio de Rio Novo, a Bahia e o Brasil, afinal participou de um movimento importante da história brasileira.
Por Wesley Faustino: pesquisador, historiador, escritor, especialista em Gestão Pública e Gestão Ambiental e ex-vice-prefeito de Ubatã.
Fontes: Binha Azevedo, Marisa Azevedo, Ata de instalação da prefeitura de Rio Novo-volume 01-1933.Fotos: álbum de família, Ipiaú -histórias de nossa historia-2006.